30 de abr. de 2009

é tudo culpa

Desperdicei o último centavo em troca da sua ignorância. Não é verdade nem é mentira, basta olhar nos jornais a grande soberania da cúpula falida. O cuspe, o grude, a merda das frases bebidas na mesa do pai que abraça o filho e o tem para fundir nele a mesma função dos bustos das praças. Lhe deram um sobrenome rico?
Seu vô italiano, sua vó russa e a puta que o pariu era virgem. Simples. Bastava uma lista telefônica e o interesse.
Quem liga pra isso?
Enfiaram o charuto no lugar errado, sobrenomes não são respeitáveis.

29 de abr. de 2009

Casamento de viúva.

O sol apareceu cedo, claro, na manhã ele ressuscita todos os dias. Arder durante todo o dia até descansar. O dia nublado é sinal de melancolia. O sol, deprimido, perde sua força nas nuvens e se entrega ao desespero de uma chuva. Quem criou as nuvens? Quem evaporou a água e fez a chuva?

Chorar é simples. Esvaziar todo pesadelo criado e recriado por si mesmo. Dono da própria esperança e ilusão, se lançar nas reações do corpo é no mínimo humildade.
Odeio o jeito com que as pessoas me olham.
Odeio a bondade falsificada.
Odeio o sentimento ajustado.
Quero tardes de sol e chuva, tardes deprimentemente alegres.
Onde eu possa amar e odiar o que mais e menos desejo.
Simples. Pop como toda arte. Aberto como todo peito.
O tiro de espingarda rompendo. A facada nas costas.
O cortador de cana, o contador.
O dinheiro livre, leve e solto. O bandido da Cruz.
Ressuscitar a todo momento...
é o lindo desespero de, pelo menos, se imaginar vivo.

26 de abr. de 2009

Sopa de desgraça

Acordei 5h30, sonhei com a morte e ressurreição de pais de amigos meu. O celular tocou e disse: " Você gostaria de dar uma palestra?" Sobre o que?

ninguém

"Todo mundo está feliz? Tá feliz."
Na noite, a droga pela eternidade, derrete cérebros e constrói muletas sem precedentes. Não se sabe ao certo, quem pintou a zebra, em todo caso, é melhor deixar que o tempo mude e que as cores derretam e que o branco puro a transforme em um lindo cavalo.
Lá onde o céu já não se incomoda, o balde caído, a cabeça em delírio, o álcool em demasiado, o outro dia.
Bom dia? Difícil.
Ninguém faz idéia dos sonhos que tenho. Das baratas. Odeio baratas.

23 de abr. de 2009

Munda

Não parei pra pensar, quando tudo se perde, há algo pra se perder?
Da manhã ao almoço, o sono deprimente, tudo tampa os ouvidos e acaricia o cérebro.
O horário assaltante dita os passos. Que horas são? O momento é único? Afinal, perder assim é tão fãcil. Desligue todas as câmeras, abajur, ar condicionado. O mate pronto, a morte pronta, os calçados amarrados.
Cinco minutos pra ficar em pé, lavar o rosto, escovar os dentes e partir. Eu teria mais vontades se dentro daquele cubo gelado tivesse um leite com toddy ou apenas eu desenterrado.

22 de abr. de 2009

Nós

Eu sei o que me fez procurar
No rompimento do tempo, a distração de um almoço com cara de família
Seus dedos carimbavam o pagamento e a saída.
E o que me interessa?
Seu nome no crachá.
Criar uma esperança não é tão simples, se não for confirmada, para criar a próxima, só em uma análise psiquiátrica.
Sou um aventureiro. Sem mais nem menos, minha cabeça não esquecia.
A primeira impressão, a segunda impressão. De tempos em tempos, acordo com a cabeça cheia de baratas, da noite mal dormida e estou feliz por poder pensar que talvez, sem mais nem menos, as baratas não estavam lá, o seu nome coloca em meu cérebro, os dias contados nos dedos pra conversar, abraçar, rodar, girar. Estar flutuando.

21 de abr. de 2009

odeio a craseado,
não sei te jogo ou subo
entre o aborto espontâneo ao
gole de catuaba
prefiro o chá de banana
com a água rompendo
gelada
eca

20 de abr. de 2009

A procura da bala perdida

ATO I - Identidade na página de jornal


(Sala. À luz ilumina um jornal aberto. Atrás dele o autor compenetrado, sentado num banquinho, começa o monólogo)

Foi pra mim. A estratégia é simples, falam de uns detalhes aqui e ali. Adjetivos universais... Pensam que me enganam. Olha aqui no jornal, sou eu. É de mim que falam.

O álibi é a historia da carapuça que serviu. Mas eles já fazem a carapuça sob medida.

Isso não vai ficar assim, a não vai.

Vo escrever também. Eles não esperam o que vou escrever. Vai ser a mais bela crítica.

Veja sou eu (o jornal tem um espelho (papel prateado) que mostra uma imagem opaca do leitor).

Quem sou?

Vocês são bestas? Eu sou eu.

Sou esse jornal, sou esse banquinho, sou a música de barzinho, sou essa roupa. Esse ai sou eu.

Eu sou ELE (apontando pra cima – de costas pro público)



Me dá nojo ser igual a tudo isso (virado pro público)

(pega o jornal com o espelho e corta o espelho do jornal)

Aqui está! Esta é minha tragédia. Ser aquilo que nem sei quem sou. Sou isto? (ergue o papel cortado) Sou aquilo? (aponta pra imagem com um longo sentimento de raiva).

(de costas pro público – pega o quadro)

Sou sua imagem e semelhança!
A desgraça de ter alguém pra lembrar de mim nesse jornal e me ressuscitar!

Sou Deus!

(cola o espelho do jornal no rosto de cristo, vira para a platéia)

Foi fácil ressuscitar.
O difícil mesmo é morrer.

Ou você acha que esse cara aqui existe porque está vivo?

A morte está em todos os cantos...
E com ela, nossa herança.

Herança?

(risos)

Meu pai, seu pai, qualquer pai
Naquele sexo descontrolado eu nasci

Quem me dera ter sido abortado

(silêncio – olhando para o público)

E quem daqui está vivo?

Todos abortados! Todos abortados!

(silêncio)


(virado pro quadro)

Ei Jesus, você me perdoa?

Se sim, não precisa nem falar... só mexe sua cabeça.

(o espelho no rosto de cristo – vendo seu rosto nele – balança a cabeça positivamente)

(olhando para o público)

Qual sua imagem e semelhança?

Se deus é fruto de um imenso boato...Também sou.

Alguém aqui acredita em mim?

Acreditam em Nietzche de fato, “Deus está morto”, ele escreveu.

Esses filósofos. Ele sempre ressuscita. Melhor conselho seria não contar com ele.

Nem com ninguém.

(de joelhos)

Cadê o meu chão?

Cadê minha certeza? Olha para os lados como se procurasse.

Não, não há nada por aqui.

O homem está morto!

Suicídio.

De pé.

Todos os dias. 18 horas.

Arroz, feijão, purê de batata. Durmo. Suicídio.

Quando acordo, morro de medo. Ta um desconhecido.

Já sei, uma tatuagem, pode dizer bem de mim.

Não, não, será que vou desenhar aquele parasita em mim.

A tatuagem um carrapato, que suga individualidade, me dando de alimento pros outros.

E os outros me julgam pela sua experiência.

Acredita, que fui falar de tatuagem para uns aí. Ergueram o nariz, um nojo.

Parasita. Meus amigos. Interesse?


Como construir um amigo imaginário

(com a mão no rosto, os olhos abertos entre os dedos)

A porta sempre esteve aberta para qualquer pessoa, menos pra mim
Eu nunca entrei aqui!,

Sabe, é complicado. Teve dias em que o prato do dia era o vômito do outro. Tinha que trabalhar. Tinha? (risos)

Acordar como quem tem desespero, tédio, ansiedade, raiva...e ir trabalhar para comer e tomar cerveja. Drogas? Nem morto?

Mais já estou.

Diziam que eu era individualista, sem pudor. Da tatuagem pro sexo grupal foi um passo.

O duro que nem aí eu me encontrei. Entre idas e vindas, era nesta porta que deixava minha esperança. Família, emprego, futuro...futuroo...futuro...

Meu melhor amigo era um bêbado de rua, seu nome? Nem sei. Pra que saber? Se ele vai esquecer o meu logo-logo.

Disse uma vez que a felicidade estava na roda de amigos. Mais que maldito. Felicidade existe então?

Era mais um carente, procurando no álcool seu amigo e inimigo imaginário.
Ahhh...quer saber, deveria ser mais fundo que isso. Mais o que me importa?

Meu melhor amigo era esse jornal! Sempre disse coisas belas de mim. Mais agora fica me copiando....me imitando...me fudendo.

( olha pro jornal furado e para quadro de cristo)

Porque tenho que ser o que você diz se tenho livre-arbítrio.

Livre arbítrio?

alemaun/igaun

10 de abr. de 2009

Tensão pré-mestrual

Me dá um beijo?
Assim, de graça.
Por acaso você precisa da minha vida?
Os delírios da noite passada são mais reais do que se imagina. A cabeça e o concreto, a cabeça e o concreto, a cabeça e o concreto. Sangue? Não vi, fui embora. A alegria é morrer? Não daquele jeito.
Sou um canalha, desculpe. As vezes a vodca fala por mim, neste caso, é tudo verdade.
Não era isso que queria dizer.
E o beijo?
Caí com os braços amarrado. DO chão só o silêncio. Do silêncio só a mentira. Puta merda, esse xaveco não foi bom?
Desisto.

9 de abr. de 2009

Feliz vírgula

o celular toca e o número não identificado também não existe. Há função? Se tiver. Qual?
Nostradamus sabia tanto do futuro e morreu sem ver o que pregava. Identificação 1234, zumbi,padronização, tenho medo da aliança e do fantasma, prefiro o dia em que o ego não exista e todas as forças de vida seja apenas a desejada morte,

7 de abr. de 2009

Li o horóscopo hoje

Sem demora, escreveu sua longa história em uma folha de papel branco perfumado da saliva daquele almoço. Suas pernas cruzadas, sentado naquela cadeira que seria seu caixão, tremiam pelo frio e vento. O futuro não lhe dava esperanças, o veneno vingava os anos de perdão, perdoar o que?
Minha nossa, as cartas na mesa! Não era tempo de morrer.
Li o horóscopo hoje
nele não dizia
que entre o osso e a pele
o sangue escorria
feito feto em decomposição

2 de abr. de 2009

?

De carne e osso o pensamento morreu como câncer nos ouvidos. Ouvia vozes o tempo todo, as várias facas socavam suas pontas até o talo, e o cérebro...ardia como num banho de sol.
Não sei porque escrever sobre o fim, nem sei se este é o fim ou se sei algo.
Entre palavras e palavras, prefiro aquelas que cabem somente a mim.
Sorria Cinderela, seu sapato está frouxo.
Sorria Alice, o rei quer te matar.
A desgraça em uma piada, o sol não consegue apagar o gelo.
Visto os óculos e não escuto nada além do que cheiro.
Vc imagina?