Pode parecer mentira, mais eu olho no espelho pela manhã. Vejo que o envelhecimento não se faz pelo rosto, nem pelas novas idéias, não fico velho, não fico mais gordo. Meu espelho é uma odisséia das manhãs pra lavar o rosto, simplesmente pra colocar minha alma no corpo e dize: "Você é o Alessandro, Alemão o tempo todo".

Desconfigurar o rosto, mudar o cabelo, a barba, os livros, os dilemas, as dores, tudo que se pode mudar, parar de respirar, engordar, vomitar, cuspir, excretar, nada, talvez uma furadeira na cabeça, pra deixar de lado a vontade de perder meus dedos entre cachos ou ver um sorriso de perto, como quem deslumbra o universo.
Meu desejo está entre a idéia de existir e a idéia de existência. O desejo é comunhão, de ficção pra ficção, claro que as vezes imagino que minha vida poderia estar num livro ou numa novela, mas ela se perde porque meus desejos não estão em um mundo, numa caixa, num mero e suculento espetáculo da maior arte do do mundo, meus desejos se trancam dentro da boca, em cima da língua, na acústica das paredes, nas cordas vocais, no pulmão, na tentativa de respirar e tentar só mais um pouco, só por esta noite ou então jamais.

Ela sorri lá do céu, Lua, iluminada e quieta, simples como qualquer lâmpada no quarto, ela está cheia! Cheia dos dias, simplesmente dos dias, mas...ela está brilhando...pisca-pisca.

por onde?

Quem está aí?
Eu seria um inferno pra você? Ou um céu?
E quem está aqui?
Eu?
Estou com frio, meu nariz está entupido e sinto meu coração engordurado batendo e acendendo luzes no meu cérebro. Pisca-pisca os músculos e te vejo aqui de longe, dos dados das palavras que se fazem números, simples desejos pra uma vida toda.
Está okay, vou ser simples.
Não ando agüentando minhas vontades, elas me sufocam, me levam pra qualquer lugar e procuro, procuro e por mais que eu já tenha encontrado, os cabelos se enrolam de tanta angústia. Estou vivendo? Estou morrendo? O que procuro? Onde está meu NEOSORO? Aquele maldito líquido que desentope minha alma antes de dormir...pra que ela possa caminhar até o lugar que ela sabe onde que é, claro, de frente pra lua, nos milhares de sonhos que todos nós temos, entre um e outras dimensões...
Quem está aí? Por acaso você é ela?

Programar o dia, os sorrisos, o medo, a fome, a paixão.
Tudo funciona junto ao mesmo tempo e faz com que a idéia de existência se transforme em vontades sem fim.
A história começa assim, basta um sorriso apaixonante e pronto, o mundo se divide na cabeça. E esse sorriso é falso? Foi falso? Existe mesmo essa falsidade que é manipulável facilmente? Ou seria a solidão em suicídio?
Quis deixar a solidão de lado, entre tantas outras escolhi logo aquela que mais me surpreendeu, por tudo que já deve saber...e não é nem romantismo, afinal, os dias se passaram e nessa manhã de inverno, resolvi pensar sobre isso, na verdade faz um tempo que não consigo escrever, imaginar, sentir...Parece que as energias foram sugadas, como quem mudou o foco do momento.
E tudo que foi tão forte, desaparece rápido. Bastou um momento pra entender como o medo de tentar ser feliz é sufocante, bastou apenas uma esperança ou talvez nenhuma, o fato é que tudo que começou ou nunca começou ou foi sufocado no berço.
Talvez pra deixar com que a memória seja assim tão produtiva e o entendimento do eu e você desperte novas neuroses, sei lá, o que sinto hoje é apenas o frio de quem teve medo do futuro, de quem nunca soube o que fez, mais fez.
As vezes me perco assim, me surpreende sentir...e por mais que nada vai dar certo que eu sei, sinto vontade de entender ainda aquilo que nunca entendi e nunca vou entender.

suspiros de padaria

Eu não estava interessado em ir na banca, também, aquele senhor filho da puta de um velho vendia filmes pornográficos dizendo que era puro sexo rock n`roll mas, só aparecia loiras de belos pares de peitos gigantes limpando carros importados.

Descobri que o velho morreu faz uns anos (in memorian, coisa triste não?
Fui, fui mesmo, talvez eu já nem esteja mais interessado em pornografia...

Chegar é sempre tenso.
O rapaz que trabalha naquele inferno que não cabe dois gordo está sentado comendo um salgado fandangos com a namorada com os dentes sujos do amarelo sorrindo, sentados um do lado do outro no bate papo do terra.
Alice no país das maravilhas me sorri, lá na estante, ou foi o coelho???...
Eu gosto da história e dos desenhos dos livros, alice vive seus dias de glória já se faz 100 anos, aqui e ali, está ela, simples inocência?
Entrei nos milhares de bactérias, ácaros, espermatozóides das revistas usadas pornográficas e o rapaz comendo fandangos.
Esse daí (o que trabalha) eu já conhecia, escrevi uma vez uma mensagem romântica para romances antepassados e esse cara mandou pra namorada dele como se ele tivesse escrito, usou ainda todos os nomes já manjados em romances, na verdade eu acho que esse fandangos estava ali só porque eu ia. Sim, não gosto dele.
Foi olhando pra cima, aqui da superfície, o que talvez só estivesse no meu imaginário, na saudade, sei lá, IMUNIZAÇÃO RACIONAL - A VERDADEIRA LUZ DA HUMANIDADE.
Isso, achei o livro, esse livro não é Deus, nem chega perto, mais virou música.
Tim maia nem morreu!!!!
Cheguei em casa rápido, aproveitei pra ler um pouquinho e acabei lendo o livro todo...resolvi fazer igual o TIM MAIA e tomar 50 mescalinas pra fazer músicas.... mais não consigo, então resolvi fazer esse texto.....

Palerma fui quando
suspirei feito lobo
pelos dilemas de um amanhã
assim tão menos decadente

É complicado compreender o outro
mesmo quando é no escuro que se descobre
no sorriso das palavras
respiro em movimento
minha perna está dolorida
eu tenho que dormir
sinto muito meu amor

Morder as unhas, morder os dias só pra excitar os momentos.
Na cabeça nula os suspiros, sentidos, o vácuo das mordidas...o dedo pele-morta, respeito pelas nuvens, cheias de não saber como é que o frio toca na pele morta, esfolada embaixo dos panos, moídos sufocante espelho, espera.