Desconfigurar o rosto, mudar o cabelo, a barba, os livros, os dilemas, as dores, tudo que se pode mudar, parar de respirar, engordar, vomitar, cuspir, excretar, nada, talvez uma furadeira na cabeça, pra deixar de lado a vontade de perder meus dedos entre cachos ou ver um sorriso de perto, como quem deslumbra o universo.
Meu desejo está entre a idéia de existir e a idéia de existência. O desejo é comunhão, de ficção pra ficção, claro que as vezes imagino que minha vida poderia estar num livro ou numa novela, mas ela se perde porque meus desejos não estão em um mundo, numa caixa, num mero e suculento espetáculo da maior arte do do mundo, meus desejos se trancam dentro da boca, em cima da língua, na acústica das paredes, nas cordas vocais, no pulmão, na tentativa de respirar e tentar só mais um pouco, só por esta noite ou então jamais.
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