O quadro foi pintado na explosão de um tiro. O revólver, salvador e assassino, cuspia pólvora e medo. Radiohead tocava no som e todos balançavam seus corpos feito moscas em cima do estrume.
Não era isso que queria falar. O dia começou pra não acabar. Tenho a sensação de que é preciso desconstruir mais uma vez, sair da rotina, do medo, das neuroses desesperadoras pronunciadas em sermões sem fins entre um e outro na cabeça.
Meus dias caminham entre dores e preguiças. Acordar e descobrir que os pulmões não estão parados, que o céu-calor está consumindo com seu tempo e razão de todos os dias. Os projetos encaminhados, o sucesso na porta, o final de semana que começou na terça, o amor não correspondido pela tensão pré-mestrual.
Sangue e saliva.
Sufocar no travesseiro e esquecer, simplesmente deixar que o tempo desperte novas sensações.
Eu tenho um dom mágico, leio joelhos. Os joelhos dizem tudo. Da puta ao tédio, do medo ao remédio de toda vida.
Aquele joelho me dava esperanças...até o quadro me explicar que no despertar do dia...todo o tempo...todas as sensações do mundo inteiro dentro dos olhos e na cabeça e a explosão das idéias do tempo, entre um e outro remédio alucinógeno, concentrado de veneno, tereré, hóstia ou qualquer primeiro amor atrás do sino de ouro, descobrindo que o desprendimento é reação ao humano, nojo e merda na cabeça que crescer pelo poder inútil. Volto até as origens e sinto meu corpo respirar por toda pele, pelas desgraças em cada porta de casa, no natal que chega em breve, na contradição do presente...o presentimento de que vai ser sempre assim...ninguém vai resolver o seu mundo, nem mesmo vai melhorá-lo. A conversa no bar é fruto apenas do tal ego infeliz que se perde, os bons amigos despejando em suas vestes o líquido cerebral, descobrindo a fraqueza em cada olhar, o humano, desgraçado, limitado, que não consegue aproveitar seu tempo, não consegue sentir o vento, não consegue se apaixonar, não consegue consumir a alma, não consegue perceber que o tempo vai passando, as horas, os textos, o céu que já vira noite, a lua está sempre ali...os pensamentos estão sempre ali...
Um comentário:
É, pois éé ...
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