Sete dias da semana. Uma agulha e duas doses. Me empresta a agulha ou eu vou primeiro? Ela olha a fotografia com carência, tem um pé atrás com a própria realidade e deixa com que sua pele macia vire rugas. As rugas são venenosas e contaminam a agulha. Me empresta ou eu vou primeiro?
Estou contaminado, doente. A cura está nos filmes de ficção científica, nas tábulas redondas, nos centros especiais de apoio ao desprezo. Sabia que a dose poderia ser letal, por isso menti minha idade, meu sobrenome, meu passado, presente e futuro: a solidão que me acompanha. Estou indo embora, não vou me internar, vou procurar pelas praças sujas, pelas rodoviárias, os jovens tomadores da madrugada, conveniências, vou correndo pra praia, sentir o céu, vou correndo pro asfalto, sentir os assaltos aos bancos, pela cultura arcaica.
Os dias não podem ser perdidos em simulações, você só me passou a doença, não a viagem.
Um comentário:
escreve escreve, leia leia.
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