Abriu o pacote de bolacha, esfarelada. O cérebro perdia seus neurônios e as sensações se perdiam nas entrelinhas dessa manhã de outono. Eu não tenho frio, nem calor, a pele nem é tão sensível, seus poros são gordurosos.
Visto meus óculos escuro pro almoço e busco correr em direção ao sentimento. Ele está fechado com suas senhas, sem chaves ou palavras de apreensão. Vivo o protesto e o suspiro pelo grito de algum futuro ou a esperança que já nem fabrico mais, não pra isso. A contaminação do tempo é o relógio-frenético de um dia como qualquer outro, 22, dois patos em uma lagoa transando freneticamente por 3 minutos. Isto é amor?
Isso já não me provoca mais, preciso de futuro e nostalgia, subornos e desesperos pelo desprendimento com tudo que se consome.
Quantas drogas vou ter que tomar pra rolar um "tilt" de existência.
Quem sou eu se não meus dejetos no banheiro depois do almoço?
A bolacha não precisa ser mordida, vira farinha de massa de chocolate, farinha do desprezo. Engolir. Engolir.
Vou enfiar pela garganta no estômago um balão ou vou cortar um pedaço do estômago?
Levo no meu peito a saúde, o sustento e a eternidade. A idade é devassa, aos 25 parece que já estou nele faz um tempo e as vezes chego a esquecer que esses 25 é quase um pacote de bolacha, esfarelado entre as horas, os dias....a vida que se segue é independente de futuro, perco peso com meus medos e vou esperando que o milagre aconteça antes que seja tarde demais. Andar a pé, ir em frente.
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