13 de abr. de 2010

Sangue e lembranças

Acordei assustado oito da manhã. Meu nariz escorria, era sangue.
O banheiro, papel higiênico, um alívio pro dia mórbido que poderia ter. Não sei porque sangrou, cocei demais, câncer na cabeça, não sei porque, sangrei pela manhã inteira até associar a minha vida de agora e todos os dilemas.
Pra existir tem que sangrar, desgastar, entregar, sentir. Imagino que o caos termina aí, quando sangra, no desespero de estancar é preciso tempo pra poeira baixar e o céu voltar a abrir. Hoje o dia está cinza mas estou feliz. O desprendimento por alguns segundos faz bem pra cabeça esfriar e ter realidade nos sentimentos, o sangue seco no nariz é limpo com água e papel, os dias são sujos e limpos o tempo todo, a vida é crua, carne e osso, sem fritura, por isso dói fuder com a cabeça, com os sentimentos, na primeira vez, na segunda vez, acostumando com as razões de todo tempo, dói muito, difícilmente se arranca lembrança.

Crua - Otto

Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua.
Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua.
Dificilmente se arranca lembrança, lembrança, lembrança, lembrança...
Por isso da primeira vez dói, por isso não se esqueça: dói.
E ter que acreditar num caso sério e na melancolia que dizia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia. fodia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia de noite e de dia.
Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua. É crua.
Há sempre um lado que pese e um outro lado que flutua. Tua pele é crua. É crua.
Dificilmente se arranca lembrança, lembrança, lembrança, lembrança...
Por isso da primeira vez dói, por isso não se esqueça: dói.
E ter que acreditar num caso sério e na melancolia que dizia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia de noite e de dia.
Mas naquela noite que eu chamei você fodia. fodia.

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