7 de jan. de 2010

Rosas

Chega uma hora na vida de todo mundo que o sertão vira mar ou o mar vira sertão.
Tantos interesses transbordam o pensamento que fica difícil a escolha pela mudança no último minuto.
Passava a vida reclamando da cidade grande, da poluição, dos dias de desapego com o humano nos caminhos do trabalho pra casa. A idéia era fugir logo dali, sair correndo ou acostumar.
Não sei julgar, só imaginar. Enquanto acreditava que estava só, sabia que braços abertos o esperava em outro canto, depois que acreditava na amor, seus dias de calabouço e poluição calibram os olhos e dão cores às angústias de se viver.
Os longos dias, acasalamento, tentativa de ser humano, tentativa de não voltar atrás e ter aquela vida que tinha levado. Se é que podia voltar ao tempo e viver do mesmo jeito.
A bomba estoura pro lado mais fraco, da razão pra emoção, os dias vão seguindo o rio, talvez nunca vai dar tempo de ser o que se é, talvez as escolhas de hoje sejam apenas desejos infantis, inúteis tentações, que de qualquer forma, faz ganhar alma ou perder o que se tem de melhor.
Fraco? Não. Estar pelado e alguém cobrir com tantas cobertas, tantos lençóis...te faz quente, mas te sufoca.
O mar vira sertão, a caatinga vira rosas, os espinhos? Já nem arranham, não há dor nem desespero, só esperança de que tudo aconteça de melhor. Espero que sim.

Um comentário:

dpCarvalho disse...

Respire, corra e grite.