Do alto do edifício o pombo procurava pequenos galhos pra construir seu ninho na nuvem. Era de se esperar a chuva, pra destruir mais um habitante dos sonhos.
Imaginou todas juntas numa só, pena não ter nem todas nem uma. No edifício, se trancou entre o quarto 23 e 25, o número, convenhamos, não era do mais apresentável. Um charuto de ópio numa das mãos e o vinho de cinco litro, sangue de boi, corria pelas portas em frente ao templo e o cérebro pronunciava mais uma oração;
"Putas pálidas nas esquinas, pernas cumpridas, ex-modelos, filha do açougueiro, banqueiro, cocaína, vodca, buceta, 50 reais, 100 reais, todas juntas." Do outro lado, a garota da caminhonete chupava aquele pau por gasolina, por wisk e energético.
Música eletrônico, banheiro vomitado, amigos à beber, sorriso nos dentes.
O pombo morreu, o ópio matou, a puta deu, a da caminhote engravidou, nasceu, casou, viveu, cresceu, rugas e morreu.
Felicidade de um pombo, que em sua ilusão, constrói casas em nuvens.
A prestação pela geladeira, a prestação pelo novo carro, a caminhonete do pai, o dinheiro do pai, teve que trabalhar e entre uma ilusão e outra, passava os dias procurando nos bares, entre um gole e outro, construía um ninho na cabeça.
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