8 de set. de 2009
Onde está a árvore?
Esperar a luz aparecer, a natureza em abundância, os animais, o tempo que se locomove enquanto as pedras racham, nascendo rios, precipícios, o nascimento do homem, o homem esperto que deixa de ser nômade, cria na sua natureza o grupo, a tribo, sobrevive do vento, do tempo, da natureza, de tudo, mas enxerga preto e branco.
Entre tantas cores, não se encontra nada mais além do que o preto e do branco.
O tempo estava cinza, saiu pra caçar. Entre um e outro movimento das árvores, gotas de chuvas caíam sobre a pele. O melhor esconderijo era voltar pra tribo ou ficar debaixo daquela árvore. Ficou.
A fome deprimia, o céu não descansava, as nuvens despejavam baldes e baldes do mais alto gozo do deuses. A árvore, com sua folhas carnudas, pedia pra ser consumida.
Esticou o braço, pegou aquela que lhe seduzia por inteiro e mastigou como se fosse o último alimento da vida.
Não era tarde nem cedo, não tinha relógio, não tinha compromisso, dormiu.
Acordou com o clarão da manhã, a luz ofuscava tanto os olhos que nem conseguia abrí-los. Levantou, mesmo sem enxergar,sentindo a necessidade do mijo matinal. Sentiu algo estranho, a urina era colorida e em todos os lugares que caía, nascia cores. A folha da árvore? A chuva? Não se sabe bem ao certo. Seu mijo dava sentido ao objetos, cores aos movimentos. A tribo, preocupada, apareceu no susto e percebeu deus. "Foi a árvore! Foi a árvore!" - gritava.
Correram pra árvore, mastigaram a folha, urinavam em todos os lugares. O riacho se desprendia do preto e branco, os peixes,árvores, flores, frutos. Tudo.
A chuva começou a se formar, de cinza, se fez azul escuro. Evaporou a água colorida, chovia azul, verde, vermelho, tudo se misturava, as flores surgiram, o sentido do movimento, o sentimento vermelho, o selvagem, o sorriso amarelo.
"Tu - tu - tu - tu - tu " - dizia o celular na manhã seguinte.
Havia acordado com um belo sonho. Enxergava preto e branco.
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Um comentário:
muito bom. Gordão premio nobel
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