18 de mai. de 2011

Fantástica absorção da visão

Sem aviso, naves espaciais substituem estrelas. Elas brilham sua metralhadoras de amor.
Trac-trac-trac-trac-trac
É o sentimento que se multiplica, o desgosto que se vomita, o estômago sem estômago.
O sentido da vida está no corpo, o corpo está no chão e os olhos não deixar de procurar naves. Nascimento, renascimento, a molécula de um suspense, a meleca do útero que alimenta a existência desses objetos que não existem, ilusão de amor.
Atiraram despedaçando a família inteira. Os barcos estão tristes com os Tsunamis cada vez mais destruidores, dizem que é tudo culpa das estrelas, da órbita da terra, do câncer da fotografia antiga, dos alimentos envenenados que matam magros e obesos de infarto apenas para ajudar a balancear ainda mais o planeta.
Começamos mais um suspense, mais uma dor e um doce. Tenho saudade de comer doces, salgados, tranqueiras em geral. Vou viver até 90 anos se derepente não morrer de outra coisa.
Helicóptero para ir até as estrelas. Avião para ir até as estrelas. Jato turbo ultra 2033 para ir até as estrelas. Não consigo morrer. Não consigo morrer! Ressuscito ou você me mata?

14 de mai. de 2011

Livre

Acordei 4h da manhã, minhas costas estão doloridas, minha boca pede por água e já não consigo ficar na cama. Operei na terça feira (10/05) do estômago, o nome da cirurgia é Sleeve, ele tiram um pedaço do estômago (80%) e te deixa com ele pequeno pra que possa perder o peso. Eu estou feliz com isso. O alimento é essencial pra existir, assim como uma condição do corpo saudável, há pouco tempo me vejo mais livre, sem depender de correr atrás de um queijo quando ele rolar quarteirão abaixo, a essência dessa mudança está na forma com que os alimentos vão dando gosto.
A água, água de coco, sopa e por aí vai nos primeiros dias, as pessoas que se assustam achando que vou me matar na próxima semana porque desisti de um vício, o manifesto de pelo menos em 25 anos (quase 26) ter a incrível ideia de liberdade por um corte bem feito, com bons médicos, com boas terapias.
Estou com gases, estou com uma meia para circular o sangue e não me dar embulia pulmonar, estou acordado porque fui dormir 22h numa sexta feira, me sinto um religioso, um belo escravo que busca a liberdade, ela chegou.
Estou livre pra andar de bicicleta ou correr ou acampar sem ter q ficar sofrendo com dores. Estou com a pressão arterial estável, era 16 por 10, com o pulmão cada vez melhor e com o apetite sexual aflorado por curvas femininas, penso que talvez eu pudesse deixar todo esse momento, poderia continuar me matando, mais decidi melhorar a condição de existir, já que a vida é mesmo essa desgraça que está aos meus olhos, estou apaixonado pelo caos e pelas mudanças que estão por vir, ainda é só o começo.

6 de mai. de 2011

PULSÃO DE VIDA



CAOS
Hakim Bey

O CAOS NUNCA MORREU. Bloco intacto & primordial, único monstro digno de adoração, inerte & espontâneo, mais ultravioleta do que qualquer mitologia (como as sombras anteriores à Babilônia), a original & indiferenciada unidade-do-ser ainda resplandece, imperturbável como as flâmulas negras frenética & perpetuamente embriagadas dos Assassinos.

O caos é anterior a todos os princípios de ordem & entropia, não é nem um deus nem uma larva, seu desejos primais englobam & definem todas coreografia possível, todos éteres & flogísticos sem sentido algum: suas máscaras, como nuvens, são cristalizações da sua própria ausência de rosto.

Tudo na natureza, inclusive a consciência, é perfeitamente real: não há absolutamente nada com o que se preocupar. As correntes da Lei não foram apenas quebradas, elas nunca existiram. Demônios nunca vigiaram as estrelas, o Império nunca começou, Eros nunca deixou a barba crescer.

Não. Ouça, foi isso que aconteceu: eles mentiram, venderam-lhe idéias de bem & mal, infundiram-lhe a desconfiança de seu próprio corpo & a vergonha pela sua condição de profeta do caos, inventaram palavras de nojo para seu amor molecular, hipnotizaram-no com a falta de atenção, entediaram-no com a civilização & todas as suas emoções mesquinhas.

Não há transformação, revolução, luta, caminho. Você já é o monarca de sua própria pele ¿ sua liberdade inviolável espera ser completa apenas pelo amor de outros monarcas: uma política de sonho, urgente como o azul do céu.

Para lograr abrir mão de todos os acentos & hesitações ilusória da história, é preciso evocar a economia de uma Idade da Pedra lendária ¿ xamâs & não padres, bardos & não senhores, caçadores & não policiais, coletores paleoliticamente preguiçosos, gentis como sangue, que ficam nus para simbolizar algo ou se pintam como pássaros, equilibrados sobre a onda da presença explícita, o agora-sempre atemporal.

Agentes do caos lançam olhares ardentes a qualquer coisa ou pessoa capaz de suportar ser testemunha de sua condição, sua febre por lux et voluptas. Estou desperto apenas no que amo & até o limite do terror ¿ todo o resto é apenas mobília coberta, anestesia diária, merda para cérebros, tédio sub-réptil de regimes totalitários, censura banal & dor desnecessária.

Avatares do caos agem com espiões, sabotadores, criminosos do amor louco, nem generosos nem generosos nem egoístas, acessíveis como crianças, semelhantes a bárbaros, perseguidos por obsessões, desempregados, sexualmente perturbados, anjos terríveis, espelhos para a contemplação, olhos que lembram flores, piratas de todos os signos & sentidos.

Aqui estamos, engatinhando pelas frestas entres as paredes da Igreja, do Estado, da Escola & da Empresa, todos os monolitos paranóicos. Arrancados da tribo pela nostalgia selvagem, escavamos em busca de mundos perdidos, bombas imaginárias.

A última proeza possível é aquela que define a própria percepção, um invisível cordão de ouro que nos conecta: dança ilegal pelos corredores do tribunal. Seu eu fosse beijar você aqui, chamariam isso de um ato de terrorismo ¿ então vamos levar nossos revólveres para a cama & acordar a cidade à meia-noite como bandidos bêbados celebrando a mensagem do sabor do caos com um tiroteio.

4 de mai. de 2011

“Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão.”
— Eça de Queirós

Quando escolhi estudar publicidade e propaganda na FAI, não pensei em quem era o diretor, quem era os professores, os alunos, nada...Apenas segui meus pensamentos pós-colegial de que deveria fazer uma faculdade onde me encontrasse.
Meu cabelo cumprido não foi raspado, os veteranos olhavam como se fossem mestres das artes da manipulação e os professores pareciam grandes artistas, cada um com sua forma de expressão.
No crescimento dentro do curso, pela força da aprendizagem, percebi que apenas ficar em sala de aula não ia satisfazer toda minha busca, virei estagiário. Na época, a FAI tinha para estagiários a AGEPP (Agência Experimental de Publicidade e Propaganda) onde o aluno-estagiário orientado por professores sentia na pele como funcionava uma agência. Virei estagiário mas me colocaram em outro lugar, bem longe daquele lugar que poderia me dar uma experiência, virei telefonista!! Isso!
O diretor, professor, vice, coordenador, e por aí vai, toda a equipe me ligava e pedia ligações pro Brasil inteiro, uns diziam ser isso e aquilo e porque era estagiário, era tratado como um débil.
Descobri entre as idas e vindas que o papel que me chamava pra ir pra AGEPP foi confiscado por algum ciumento e caí lá no campus2 no telefone, depois de seis meses, entre conversas aqui e ali, consegui chegar na AGEPP - NÚCLEO MIDIÁTICO - CAMPUS I DA FAI. Aprendi realmente muita coisa, entre professores, estagiários e funcionários em busca de um poder de 4 anos, percebi que as pessoas iam desaparecendo, outras surgindo, outras não tão boas, algumas coisas sendo cortadas, ideologias aqui, um novo diretor, um que fala que alguém roubou, outro que fala que o tempo é do tempo sem o tempo, outro que nem liga pra nada.
Acontece que já nem sou estagiário, me formei e mudei de planeta. Hoje sinto o cheiro da mudança. Daqui 4 anos eu vou escrever outro texto. Adeus.