29 de jan. de 2010

mistério

Do dia em que morri até hoje, nunca senti o gosto de sorrir.
Há milagres nas piadas, nas gargalhadas de boteco, mas não há vida enquanto sonho.
Branca, da pele leite, sem saudade ou sentimento, me sorriu, nem sorriu, apenas existiu.
A vida é uma ilusão da madrugada de quem chega até ela. Não há propósito em existir, nem mesmo os céus que se despedaçam a cada oração. Tenho medo dos dias, das felizes e infelizes noite que terminam em pesadelo diários.
Sou profeta e desejo minha esperança como crença.
abençoar o divino e esperar sentado os dilemas do futuro roda da fortuna.

25 de jan. de 2010

A chuva diz não pra nuvem.
A nuvem explodi de ansiedade, as gotas kamikazes caem paralelamente sem saber seu nome.
Ela chora no canto do bar. O copo no final do terceiro wisk desencateia seu passado e tudo que viveu e não sobreviveu.
O homem ilimitado é chuva em rota de colisão, não sabe pra onde vai nem o que levar, mas é obrigado a seguir os milhares de caminhos.
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merda, choveu demais por aqui, a chuva apagou a energia, o texto se perdeu, o texto se perdeu, o texto se perdeu em algum lugar do meu cérebro.

11 de jan. de 2010

DEUS

DEUS maiúsculo feminino.
deus minúsculo masculino.
Me encontro perto dele, sem saber quem é.
O pincel mexe sozinho, pinta o universo.
E nada disso existe.
Peço que me apresente o cérebro.
Tem medo de dizer, que o inferno é aqui.
DEus com medo está com a fita métrica medindo o tamanho da solidão. Trinta e três milhões de metros que se vaga e acha tantas almas nos bares e quartos.
Comprou uma corda para o suicídio, se morrer morre todo mundo?
Ele espera que sim.
A corda está amarrada e diz olá.
Ele dá uma rezada pra ele mesmo e pede pra que possa ressuscitar.
Passa a eternidade no suicídio.
Esquece do tempo e vento.
O mundo está parado.
Não escuta mais as vozes dos fiéis.
Nunca escutou.
Vive nessa morte sem fim.
Não tem mais tempo pra sentir a solidão.
Não tem mais tempo pra sentir a solidão.
Não tem mais tempo pra sentir a solidão.
A repetição cria Hitler.
Hitler dá dinheiro até no cinema.
O churrasco nasceu ali.
Deus pede perdão.
Deus pede pro vento destruir tudo.
Deus pede pra corda funcionar.
Deus pede pra esquecer que é deus.
Deus desiste.
Deus está tomando pinga na sarjeta.
Sem memória.
Está pelado.
Hermafrodita aparece na televisão.
É ibope pro bizarro.
Leva uma facada da Associação antibizarrices.
Explosão de água e sangue.
O mundo é a bomba atômica.
O amor descarregado da metralhadora da palavra.
O verbo se faz carne.
O verbo se faz existir.
O verbo morreu.
Deus morreu, se esqueceu.

10 de jan. de 2010

É por pensar tanto no inferno que ele vai embora.
Meu joelho dói depois do tombo que levei enquanto tentava me afogar em um dos sete mares. É engraçado que tem gente que não acredita, nem sabe o que está atrás de cada neurônio.
Alguém jogou um copo no segurança, sangue e raiva.
Alguém veio conversar sobre meus 15 anos de idade e as tantas brigas. O som alto me deu apenas fragmentos.
Eu nem sabia dançar, nem sabia que o inferno estava ali, nem sabia que a toalha suja era pano de chão, nem sabia que sorrir faz mal.

7 de jan. de 2010

Rosas

Chega uma hora na vida de todo mundo que o sertão vira mar ou o mar vira sertão.
Tantos interesses transbordam o pensamento que fica difícil a escolha pela mudança no último minuto.
Passava a vida reclamando da cidade grande, da poluição, dos dias de desapego com o humano nos caminhos do trabalho pra casa. A idéia era fugir logo dali, sair correndo ou acostumar.
Não sei julgar, só imaginar. Enquanto acreditava que estava só, sabia que braços abertos o esperava em outro canto, depois que acreditava na amor, seus dias de calabouço e poluição calibram os olhos e dão cores às angústias de se viver.
Os longos dias, acasalamento, tentativa de ser humano, tentativa de não voltar atrás e ter aquela vida que tinha levado. Se é que podia voltar ao tempo e viver do mesmo jeito.
A bomba estoura pro lado mais fraco, da razão pra emoção, os dias vão seguindo o rio, talvez nunca vai dar tempo de ser o que se é, talvez as escolhas de hoje sejam apenas desejos infantis, inúteis tentações, que de qualquer forma, faz ganhar alma ou perder o que se tem de melhor.
Fraco? Não. Estar pelado e alguém cobrir com tantas cobertas, tantos lençóis...te faz quente, mas te sufoca.
O mar vira sertão, a caatinga vira rosas, os espinhos? Já nem arranham, não há dor nem desespero, só esperança de que tudo aconteça de melhor. Espero que sim.

6 de jan. de 2010

Notificação de Imposicão de penalidade

Um bêbado (aqueles de final de semana só que como é começo de ano e festividades resolve ficar todo dia) que deveria tomar toda a garrafa de uma vez e morrer engolindo o próprio vômito, pediu dois segundos da minha vontade pra falar que me conhecia desde criança, mas só de longe.
Eu nunca vi, nem sei de onde apareceu, mas...
Tantas perguntas; se morava ainda por aqui?/ se já tava rico?/ se tinha estudado?/ quantos wisk tomei em 5 dias?/
Esse bêbado tinha vagina, era uma menina, seus curtos 18 anos me dava até uma punheta, mas o que será do acaso se a paciência morreu?
Pediu uma carona, pediu um cigarro, pediu um trago da minha cerveja.
Perdi minha alma, prendi meus sentimentos e aproveitei que já estava imaginando muita história e fui dormir.
Nada nunca existe. Fatos tão perto e tão longe, sensível ao toque ou sorriso, sensível.
Ela estava grávida e pediu uma carona, disse que não.
O que faz alguém bêbado e grávida lá pelas 4h da manhã em busca de carona?
Insistiu. Disse não.
Ela partiu sem despedir, disse que já não me amava, que havia encontrado outro, que o amor é eterno e ela ainda ama o outro e que o outro...aaaaa...
A vida é graça, um sorriso a cada esquina, uma alegria a cada sentimento de rejeição..
Ela sumiu.
Liguei o carro, lá de baixo dava pra ver, bêbada e grávida tropeçou na calçada e, vendo ela jorrar sangue e gritar, buzinei e disse boa noite.

5 de jan. de 2010

Roberto quer ir pro espaço

Não minta pro espelho.
Roberto deixou suas barbas longas, seus cabelos enrolados e seu peso elevado.
Quem é senão a imagem de Cristo obeso?
Imagem e semelhança? Desencadeou um passeio até os tantos montes sinais.
Em busca da eternidade, a montanha sagrada é de mentira, onde está deus? anjos? santos?
Roberto resolveu dormir, relaxar, deixar de fazer as coisas. O ócio é divindade. Enquanto um planeta inteiro finge orar por milagres, esses todos divinos jogam bilhar e poker tomando cerveja e comendo porção de cérebros de velhinhas que caminham até a igreja pra lavar a cabeça de água benta.
O maior abençoado não tem cérebro, o maior abençoado esquece do passado e do futuro, vive no presente. O maior abençoado, Roberto, 24 anos, está com dores nas costas e puto, não vê a hora de passar dias e mais dias num céu como santo: ninfetas, festividades e sem memória.