27 de mar. de 2009

sem reação

Do inédito dia de quinta, entre a multidão de zumbis, cai em minha roupa o gozo de um vômito amadurecido por altos índices de álcool. E eu, sem reação alguma, tenho a certeza de estar entre os zumbis que tanto falo.
A podridão de um dia, o olhar inocente do vomitador, as desculpas esfarrapadas. Melhor deixar que o tempo mude a proposta da vida e que ela seja livre como num pesadelo.

24 de mar. de 2009

Fim

O ônibus lotado, a perna formigando, o fone nos ouvidos rompendo os tímpanos. Sete da manhã. Sono. Almoço?
O taxista brigou com a mulher, também, não parava de ligar. Ibirapuera. Natureza em meio ao caos. Caminhadas, rotinas e vontade de ficar o tempo em volta do lago perdido.
Tá bom, deixa pra lá. Vamos logo pra Vila do Chaves. Banho, roupas belas, metrô.
Sarajevo é sinônimo de inferninho. Lotado, apertado e quente, o funk soul jazz assustava os ouvidos, e as pernas, não paravam de mexer, dançar pra existir. A outra sala, escura e suas luzes no teto, dava a sensação de pesadelo, piscando na música, os olhos sentiam a dor e a alegria de estar ali.
Ir embora? Acordar com fome. Churrasco. As tardes nem sempre são vazias.
No teatro Mars a viagem submarina. Um filme do lynch? Há conexões.
Vamos aprender a dançar? Vamos? Um, dois e três. "É assim a noite inteira?"
O samba jazz soul pronunciava o inimaginável, o orgão a 250 bpm, a banda merecia os olhos, os ouvidos. PARE! "Com vcs a inimaginável mulher com a espada na cabeça!" Entrou, com seus peitos e bundas rompendo a saia, dança indiana. Espera aí, tem outra banda? Sambasonic, sambarock, diversidade cultural, japonesa, los hermanos, paraíba, baterista robô. Acabou??
"Respeitável público" - a mulher entra e começa a subir nos panos. Quatro andares, 100 metro de altura. A música já tocando na alma e o espetáculo de uma noite em busca da felicidade eterna.
Sorrir e sofrer, lamentando a felicidade entre uma estação e outra, o domingo do faustão seria monumental. Almoço, dinheiro no bolso, táxi.
Era quase 15h, o portão aberto...até parecia que tudo estava vazio.
A primeira cerveja e as portas da percepção sendo abertas. Los Hermanos é melancólico e feliz, suas músicas na mente e seu desperdício de dia nublado, chovia o início e dizia: Seja bem vindo.
O Kraftwerk chegou de nave espacial, machine machine machine, na multidão o culto a evolução da música eletrônica e a atmosfera surreal dava inicio ao drama final.\
O momento esperado, todos amassados, suados, fedidos, doloridos. Radiohead não é uma banda, não é um indivíduo, é esquizofrênia. Imagine.
De tempo em tempo, cultuar o improvável é belo e insólido.

18 de mar. de 2009

Clínica

Não vejo meu cachorro faz uma semana, ele está no fundo de casa, basta andar. Não escovo os dentes regularmente, não penso em mim o tempo todo. O tempo corrói, e sem mais nem menos, os dias passam e eu, neste computador, ligado aos bancos e aos dados, espero apenas aquela magnífica frase: Vírus.
Não vou conseguir esquecer do tempo em que comia e não engordava. Tudo bem que a tendência tradicional é a decadência, mas não, não quero isso pra mim. A bola de futebol, a corrida de bicicleta na procura da garota, apenas para acariciar os olhos e o coração. Seu corpo em minha imaginação, eterno compromisso com os meus sentidos, eterna melancolia de não esperar.
Internado na internet, navegando em altos e baixos níveis de conspiração, esperava a cartada final que me deslocaria para a tela mais próxima, televisão.
Sem meias palavras, meu cachorro me chama, sem meias palavras, ele é o melhor amigo do homem, mas eu não preciso de amigos, já tenho o Luis Sérgio.

16 de mar. de 2009

submundo mental de um normal radiante

Tinha o fim e o novo começo. Os olhos calibrados para reconhecer qualquer movimento sensual.
A primeira fazia uma pose cult, saias rodadas, olhares distantes, poderia ser essa, mais não foi. Ela era sem sal, sem açucar, uma simples garota comum. Nada mais surreal e fictício, vestia e vivia pra enganar, lá se foi.
A segunda dançava freneticamente a música caipira, bela roupa convencional e um olhar inocente de alguém simples e grande. Nada era comum. Seus anos de sol e chuva lhe clarearam a cabeça, conseguia a diversão solitária, conversava muito, andava, bebia, animava...e o melhor, não me importava o que vestia ou o que se via. O importante era estar.
O fim persiste ser o recomeço...e o começo bate na porta, real ou imaginário...A culpa não é minha. Eu apenas quero alguém que me queira bem ou mal.

manifesto a favor do romance

Foi fácil, sabe? www.google.com e todos os problemas resolvidos?

Desilusão amorosa? Fácil - lá tem de cabo a rabo todo cantor sertanejo ou romântico ou qquer outra página de imagens mil. O google chora com vc.

Piada? hahahahaha...lá vc ri até não querer mais, video, telenovela, piadas santas, humor negro..está lá. Ele ri com vc.

Uma namorada? Basta entrar lá. Loira, morena, magra, gorda, alta, puta, santa, etc...basta clica e pronto.

Eu desisti no último intervalo, no almoço. Saí por 2 minutos para socar a comida pela boca...e não voltei mais.
Suado feito mãe em estado de parto, o cabelo despentiado, resolveu pedir o telefone celular e marcar um encontro no cinema para rir, amar, desiludir, iludir, beber, odiar, matar, maltratar e até cochilar.

12 de mar. de 2009

Toda quinta vodca

Mão na cabeça e a arma apontada. Os olhos abertos como em nenhum outro dia, rompia seu ego e gozava toda a justiça e injustiça da hipocrisia comercial. Eu só queria sentir aquela pele, tão suave quanto a chuva desta noite...pingo a pingo, afogando a rua. O horário marcado, o banho tomado, tudo cancelado. Só restava esperar o novo tempo, entre relógios do mundo todo, no Japão estaria no trabalho, melhor não brincar com o Sol.
Curvas acentuadas, a pista molhada, a música caipira. De boa na lagoa, afoguei todos os sentimentos, acordando um novo objeto dentro de tantos. Amá-la?
Como tudo nesse mundo, a esperança que se cria, a curta ou longa metragem pode ter um belo fim ou ser sem pé nem cabeça.
Sexta feira 13, peço seu sangue, sepultando em mim, a alegria de se ter o demônio livre.

8 de mar. de 2009

Ao caos com carinho

Nascer, a dor de respirar, o choro, a reza, o mundo - pesadelos, insetos, fantasias e sonhos.
Morrer, na dor de não sentir, no caos do pensamento, na vontade e angústia de existir.
Sorrir e sofrer, como um feriado chegando ao fim, ou a esperança partindo com o tempo. Suave como um beijo molhado, desistir de viver não encomoda. Quais os medos? Neuroses.
Sujo, maltratado, despeço com vontade de sorrir e sofrer enquanto respiro.

6 de mar. de 2009

Manifesto

A Arte está confusa. No canto do quarto, pressionada contra a parede, aguarda uma solução para aliviar suas neuroses depressivas. Os livros na estante calculam cada etapa de sua longa vida, suas fantasias e neuroses, seus medos e depressões. Talvez seja seu fim ou apenas mais uma transformação. Procurar um psicólogo? Que nada! A questão não é se ela existe, mas, existindo ou não, o que ou quem ela poderia salvar.
O quadro de um bilhão de dólares estampado na camiseta, Basquiat tendo uma overdose de heroína, senhoras e seus perfumes importados olhando atentamente aquele belo quadro, jovens fantasiados de modernidade, música nas rádios, música no cérebro, o pintor da esquina, o terrorista poético, o filme analista da arte contemporânea, o indivíduo como escravo do próprio costume e consumo, o quadro psicodélico da vida e da morte, os vários buracos na camada de ozônio, o filme detrás pra frente.
Todos sabem de tudo e tudo é nada.
A Arte é o desperdício do nada, a fraqueza do humilhado ou a alegria do glorificado. Seu dualismo contamina a cabeça e faz estimular todo o resto do corpo para que, na saúde ou na doença, você se case com ela e tenha ótimos filhos.
A eternidade no museu de belas artes ou a eternidade da criação da sua cabeça não trás esforços pra que ela deixe de se confundir. A arte pelo dinheiro, a arte pelo objetivo, a arte pelo tratamento, a arte pela ascensão, a arte pelo futuro, está em suas mãos. Não há tempo para ler esse texto ou respirar, o corpo em movimento e sua arte, a anatomia e suas neuroses, dão vida a Ela. Estar distraído pelo tempo, a câmera dos olhos, o barulho dos carros, a mudança de atitude, o tempo em mutação, o caminho errado.
A arte está confusa porque está em criação. Seu tempo não tem 24horas, até o fim é longo e belo. Se confundir, com o tempo e aquilo que te cerca, faz criar e recriar um mundo onde o nada é tudo.

ei, bolhas...

Todos os dias, entre o sol descendo e a lua subindo, o Juquiri se transformava em uma bela caixa de Skinner. As mesmas roupas e pessoas se envolvem num ritual escultural de corpo. O que tem de mais lutar contra a morte? Perder você sempre vai...Ela pode tardar, mas não falha.
Marquei, 6h30, na frente da Garapa. O perfume rompia a roupa e chegava ao nariz mais próximo, o novo se aproximava.
Alegria de saber que vai morrer e alegria de saber que o exercício físico é um bem comum. Condicionado ou não, espero que as bolhas deixem meus pés ou seja amortecedores de mais uma longa caminhada rumo a esperança daquilo que nem sei.