27 de out. de 2008




Na calada da noite o telefone tocou
atrás das estrelas a bala perdida
detrás das nuvens
espatifou em meu cérebro

25 de out. de 2008

Sorte de hoje: Quando chegar o inverno, os céus mandarão chuvas de sucesso para você

A plantação de trigo, a galinha, o ovo.
O gado, o porco, o leite, o queijo.
A indústria, o funcionário, o chefe.
O transporte, o caminhão, o buraco, o pedágio, o imposto, o supermercado.
O empacotador, o carrinho, a prateleira, o produto limpo e sedutor, a tia do caixa.
O empacotador, o porta mala, o carro, a gasolina, os buracos, a gasolina, a geladeira.
O banho, o esquentar da chapa, as gorduras fritando, o ovo quebrando, o cliente chegando.
A mordida, o arroto, o riso, o tereré, a mordida, a maionese, o fim.
O banheiro, o livro, o espelho, a escova, a bosta.

24 de out. de 2008

era assim

Frases de um ditador. A mídia e sua alegre e saltitante obrigação.
Você não é obrigado a consumir, mais ela te consome.
Música alta, propagandas diárias, angústias padrozinadas. Deixa tudo igual.
Pior que viver em uma época em que a ditadura é explícita, é viver em uma época em que ela é implícita. Nada pior que ter padrões e mais padrões.
A fuga, esta grande idéia anarquista de esperança, pula de uma neurose para outra, deixando a sensação de mudança.
Pra onde vai? Por que vai?
Na encruzilhada espero um novo caminho.

23 de out. de 2008

quem é o velho?

Aquele velho tocava seu piano. O bar calmo. A música composta para aquele final de semana estava libertando-o.
Na mesa logo na frente do palco, um menino. Seu pai o levava todas as noites para rir do velho, dizia que sua música não entusiasmava.

"Bom mesmo é Chopin" gritava da mesa.

O velho deu um intervalo, foi tomar o remédio de pressão e um gole de chopp. Lá no caixa o pai do garoto pedia para o dono do bar um momento para o filho mostrar os dotes artísticos. Ele aceito, era cliente.

O filho sentou no piano. Tocava Chopin como deveria ser tocada. A harmonia e dinâmica bem ensaiada e objetiva. O bar se animava, afinal, era chopin.

A música terminava, o velho voltava.
Com um olhar de felicidade, agradecia o garoto pela presença.

Ao se sentar, pegou o microfone e elogiou:
"Parabéns a esse garoto, ele já sabe tocar muito, faz as coisas como quem tivesse vivido na época da composição....o que lhe falta, apenas, é fazer música".

22 de out. de 2008

nós, ouvidos

ouvir as vozes que saem do telefone, do fone, do mundo...
poderia ter controle das mãos
com uma de cada lado, deixaria de ouvir o outro e só escutaria meu zumzumzum...
Não consegui! Malditas orelhas!
Meu zumzumzum?
O ouvido faz silêncio e espera
que uma mosca cuspa dentro e apague toda uma audição
que um som muito alto estoure-o

cada parte do corpo é um suicída em potencial.

a conspiração corporal, dos ouvidos ao infarto...é um passo em alta velocidade.

21 de out. de 2008

mega sena

era um artista
copiava obras de gênios da pintura nos mínimos detalhes
enganava o público até na assinatura

estava tomando banho
tinha acabado de pintar mais uma das obras dos outros

escorregou no sabonete!
Ao cair e bater a cabeça no chão
Sua vida inteira passou em um segundo

dentro da cabeça não havia vida
nem mesmo tempo para tê-la

a morte, coitadinha, não sugou nada que lhe desse ânimo para levá-lo
fez seu coração bater forte
e do chão, ensanguentado. Levantou.

Sua chance de mudar estava em suas mãos.

20 de out. de 2008

ele mentiu

não queria saber o horário
ganhou vida ao respirar
queria perder, só dessa vez

esquecer as melodias, o tempo e o sentimento
esquecer qualquer forma ou opinião
não se sabe bem ao certo como tudo começou
nem como terminou
o que se sabe
é que ele não desistiu de sonhar com o tiro
gordura saturada, ácido úrico, obesidade mórbida

19 de out. de 2008

os caminhos se cansam
do mais do mesmo ao mesmo do mais
não se encontra ninguém
é tão difícil?
entre as vozes das galinhas postiças
entre as vozes da vontade de arrumar isto e aquilo
se encontra um silêncio
e no silêncio, não se encontra ninguém
Lá onde as pernas esticadas relaxam
Lá onde não importa o barulho
o barulho conturbado da gafieira
2 pastéis pra viagem e uma corrida
massa!carboidrato, idrata.
daqui por diante
só não me lembro de quando e onde
eu esqueci do caminho
não sei onde fica o paraíso
se soubesse esqueceria ou guardaria dentro de alguma gaveta
as gavetas guardam tudo
de comida a bala de canhão
de alice ao futuro do país
assinar o papel, o play
inquisição, ditadura, liberdade, gudan garan, livre comércio
Vender a alma?
Já foram vendidas
só falta esperar o canto dos pássaros para o final do mundo
não esqueça sua caloi
aperte os cintos
e vá direto ao olho da rua

18 de out. de 2008

dois dias longe de qualquer assunto te deixa totalmente infeliz.
Onde está a desgraça?
Está aqui dentro desse pote de pensamentos e desilusões. Na tela colorida o charme se apresenta como falsidade. O amor? Ahhh...O amor é uma novela que prega a felicidade eterna de conto de fadas.
Outro dia mesmo descobri que os pés são virados pra frente e os pensamento pra trás. Sabe aquele negócio de linha do tempo? Então.

A cabeça atrás dos olhos não deixa vc pensar lá na frente, só ver.
Deitado com a cabeça na almofada. Escrevendo do passado.

17 de out. de 2008

Lá onde o céu já não se incomoda
de ser o desperdício do azul
quando todos os olhos estão voltados pro chão
é o pensamento que viaja

vou até lá
no sentimento mais incomum
perseguir os dilemas de uma vida

Não há porque se preocupar
o cachorro está com o pote de comida cheio
os pássaros cantam na janela
o alarme está desligado

No canto do quarto
escondido entre os livros mofados
a lampada clareia o dia
por longos e longos minutos

16 de out. de 2008

enquanto havia sol a flor existia
teve um dia que a lâmpada apagou
como tudo que se apaga nessa vida
e nem precisou de tirotei e vômito

sentou e esperou os alienígenas
a vida chegava como quem sobrevivesse pela morte
lá pela 12º garrafa de tequila
os juízes em questão disseram:
"hora de matar ou morrer"

do outro lado da estante
o verso cobria toda uma cabeça
sua obra de ficção científica
era publicada pela NASA

dô ânus aos 20 anos
nada se fez
o botão da rosa murchou
e só ficou a esperança
de que ela não volte

14 de out. de 2008

desistir de ser rockero

Morrer vomitando? Overdose? Ficar surdo? Eternizado numa capa de cd psicodélica du-mal?
Assassinar o ideal parecido com o cristão: rock.
Tudo bem que ele simboliza isso e aquilo. Mais e daí? Todo mundo quer ficar rico.
Ou você acha que rockero pobre consegue morrer de overdose?
Só se for de pedra...e mesmo assim...porque vc não pagou o farmaceutico alternativo e levou um tiro.
Vender sua idéia individual? O que? Sua música só vc quem toca? Ninguém conhece?
Porra!!! Era isso! Depois disso, não tem mais graça. Por isso que as bandas morrem ou fazem o mais do mesmo.
Frank Zappa era um rockero nato...kkkkkkkkk...Daqueles com a cabeça a mil. Queria por que queria gravar 200 músicas em um ano. O cara não parava no tempo.
Ser famoso é triste. Amy Winepedra quem o diga. Kurt e sua carabina. A salvação.
Quando se percebi o grande papel do público, o dinheiro já corroeu.
O ouvinte tem uma única função...Consumir sua desgraça e pedir mais e mais...cabe ao grande famoso continuar ou desistir de ser rockero.

13 de out. de 2008

eu vi primeiro, é meu.

Chegar ao fim, sem mesmo ter começado.
Sempre foi assim, do mijo na cama até a urina fedida para a inspeção do ministério da gordura.
As etapas para a construção da vida só faz crescer a esperança pelo nada. Outro dia eu até queria ser sentimental, esperar e crer em alguma coisa que não fosse minha realidade. Mais não! Não há crença, nem realidade.
Ela apareceu de óculos de sol, tampando a cara. Seu corpo magro trazia a beleza de uma puta. Seus dias de trabalhos a transformam em uma artista. Todos batiam palmas, afinal de contas, no auge dos outros cresce todo ego. "eu sou melhor".
O telefone não parava de tocar. Os relógios na parede. Aqui poderia ser Tokio. 10h da noite. Mais não, a fuga ainda deveria ficar neste texto.
O computador de última geração, a mente inquieta de um cientista de massas e sua vontade de não sentar na mesa da rainha..kkkkk...rainha? abelha rainha...
ZzzzzzzZZZZZZZZZzzzzzzz...voava pelo sobrenome, não sabia nem o sabor do mel.
Lhe desejo a vida, que viva pra sempre...a morte ela não merece. A desgraça de viver vai consumi-la e destruir sua máscara.

Acho que não vai dar pra escrever essas neuroses em uma música. O show de ontem parecia e foi bom, o show de antes de ontem também. E eu?
Eu sabia de tudo, só não sabia dizer qual é o som da minha voz.
Grito todas as noites...não me escuto.
Sem sentimento, sem julgamento...escravo do movimento?
As dores, as penas, os males, os sofrimentos?
Quem irá contra?
quem lutará pela esperança?
essa falta de tudo me leva pra cima.
quarta é feriado.

11 de out. de 2008

sobre pintor de janelas

"- O pintor não tem nome. Poderia ser Paulo, Pedro, Junior. O pintor não tem nome.
O pintor não tem casa. Poderia ter uma no Morumbi, Vila Jamil, Copacabana. O pintor não tem casa." dizia o pintor.

9 de out. de 2008

TOdo professor é uma mula

O caderno rabiscado em cima da mesa escancarava a seguinte frase: "As idéias são como peixes" (david lynch). A construção de determinada arte está em sentir e não resconstruir.
A música do outro não é sua e nem vai ser, seu gênero, número e grau são ilusões daquele que a escreve e a constrói. Cada pincelada, de cima pra baixo, de baixo pra cima, frequentam as neuroses de seu criador.
Escute, cheire, toque, veja - Tente entender o Todo. Deus não existe.

"COVER = REENCENAÇÃO + REPETIÇÃO" (MAM)

Da janela do meu quarto vejo a cidade. As luzes, os carros, as pessoas. Tudo e nada em um único quadro. Fazer arte é transformar a transpiração da repetição em um objeto único e sensacional.

Quando se pratica, quando todo cover é novo, quando você é só mais um, quando suas sensações simuladas são inexistentes. Alegre-se. Sua função é perpetuar o outro. Artista, arteiros, artilheiros - a arte em transformar? ou a arte Cover?

7 de out. de 2008

Pelo investimento

A evolução da distribuição da música fudeu com os ouvidos e com o tempo.
Tenho 23, baixo a música e escuto navegando pela web, dirigindo, etc...

Nem sempre foi assim.

A fita, o Vinil, ladoA ladoB era simples e sedutora. Tinha 11, ligava no carro e deixava tocar ou na sala de estar, deitado no sofá. Decorando letras, aprendendo a ouvir, aprendendo a ter paciência de esperar. O carro parado, sua função era apenas ouvir, fingir bateria, guitarra, voz no ar.
Raça Negra, Leandro e Leonardo, Skank - coisas que nem me imagino escutando - era tocada e decorada, sabendo o momento certo do pandeiro, da segunda voz ou da distorção calanguera.

A evolução das mídias era surpreendente, o cd era qualidade. 14 anos. Pedi de Natal dois: Skank e Baba Cósmica. O encarte te leva a viagens surpreendentes diária, o lugar para ouvir era os mesmo, a vontade de conhecer, de buscar a verdade de cada instrumento. As vezes roubava cds do meu tio, de legião urbana, plebe rude a música italiana, the smiths. O rock n' roll nascendo numa criança.

A ideologia cara da música, o pensamento reflexivo, o porquê? de cada letra. O motivo.

Da música para músico, tocar aquilo que escuto, que me doutrina e me leva pra cima e pra baico.
Tocar e prazer, danos mentais, danos de comportamento, reprovações aqui e acolá, Igreja´. O músico quer gozar desse prazer de fazer o que quiser em qualquer lugar.

Voltando para música, afinal, esse texto é sobre música e não músico.

O tempo chega, 23, banco de dados explodindo, de música alemã do século passado ao cd que nem lançou na loja. O que se ouve?

Hoje a busca pelo saber de tudo, conhecer, faz com que a boca vomite milhões de banda e nada de ideais.

Tenho uma banda, UMBIGO. Vai lançar um cd. Você conhece?

Não precisamos de ouvintes, não precisamos do outro, daquele que conhece por conhecer e critica por comparar e não encherga a realidade de cada um.

O rock morreu? A televisão massacrante (clichê) transforma girinos em pequenos robos da busca pelo nada. Do Daniel ao Nx Zero, a música de cada um diz a mesma coisa e desanima qualquer novo feto a buscar a sua realidade.

Compro sempre cds, com encarte e tudo mais. Hoje volto a ser criança, sentado no banheiro com o som alto nos ouvidos, o encarte na mão, decorando e entendo um novo tempo do tempo que não se passou e nem se transformou.
O passado, presente e futuro dentro de mim. Bem vindo, sensações.

2 de out. de 2008

Mundo do outro

ficando surdo
o bumbo soldado desencadeou o cérebro em uma jornada
de lá pra cá os neurônios se consomem

Tem alguém aí pra me salvar?

Dentro do cérebro a prisão
pra lá e pra cá
ainda é cedo demais pra esquecer

Quantas noites procurando
qualquer pesadelo desejável
que me leve pra sempre

Essas noites não tem fim
ficam como calos

e agora? Onde está?

Deus escova os dentes
e relaxa numa masturbação
"Esses homens não precisam mais de mim...
...esta praga se destrói sozinha"

da janela do meu quarto vejo tudo
só não vejo você passar

1 de out. de 2008

apaguei tudo que escrevi.
Não existe mais início e nem fim.
A música existe em qualquer lugar, escrever pela idéia.
Inicio da construção, preparar o terreno e a porra toda.

Ouvindo música popular brasileira, rock e etc...
fugir disso?
Vamos aguardar.

Canção

Os palhaços



Sorriso amarelo
Um dia como qualquer outro

Nuvem cinza
Um dia como qualquer outro

A alegria do palhaço
Um dia como qualquer outro

A tristeza do palhaço
Um dia como qualquer outro

O nascimento da paródia
Um dia como qualquer outro

Os infelizes açougueiros
Um dia como qualquer outro

Cérebros decepados
Um dia como qualquer outro

O dia no dia
O dia como qualquer

O outro qualquer
O dia do palhaço amarelo



( cada música, um músico, outra banda)